FC Paços de Ferreira e o hino da Champions
O ano em que a equipa da capital do móvel se apurou para a competição mais prestigiada do mundo de clubes
Quando a época 2012/2013 iniciou, estavam todos longe de imaginar o grande percurso realizado pelo FC Paços de Ferreira. O treinador era Paulo Fonseca, na altura com 40 anos, e vinha de um clube de perto, o Desportivo das Aves. O plantel tinha algumas caras conhecidas que ainda recordamos. Antunes, com 26 anos, foi o lateral esquerdo dos pacenses durante a primeira metade da época, tendo em janeiro sido transferido por empréstimo para o Málaga, clube que também representaria no ano seguinte.
Josué, o jovem médio que despontou também com a camisola do FC Paços de Ferreira, surgiu também nessa época e, no ano seguinte, daria o salto para o FC Porto. Na frente de ataque, havia nomes como Cícero (que esta época jogou pelo SC Beira-Mar no Campeonato de Portugal), o jovem irreverente Caetano, e também o peruano Paolo Hurtado, que em Portugal representou ainda o Vitória SC.
A época foi estrondosa. O clube chegou às meias-finais da Taça de Portugal, tendo sido eliminado pelo SL Benfica, que nesse ano viria na final a perder a competição para o Vitória SC. Ainda assim, se o percurso na prova rainha foi excelente, no campeonato não ficou atrás. Foi somando uma série de bons resultados, incluindo uma vitória em casa, já perto do final da época, frente ao Sporting CP, quando ao minuto de 75, Tony mergulhou para o cabeceamento que daria a vitória à equipa pacense. O FC Paços de Ferreira terminou a Liga Zon Sagres no 3º lugar, com uns espetaculares 54 pontos, 2 pontos à frente do SC Braga, que terminaria no 4º lugar. O hino da Champions League seria tocado, pela primeira vez, numa partida do FC Paços de Ferreira.
A grande época do FC Paços Ferreira trouxe, obviamente, mexidas. No banco, Paulo Fonseca partiu para o FC Porto, e para o seu lugar foi contratado Costinha, que na época anterior tinha descido de divisão com o SC Beira-Mar. No mercado de transferências, entraram nomes como Sérgio Oliveira, Rúben Ribeiro e Bebé, de forma a acrescentar qualidade à aventura europeia.
Contudo, desta vez, o FC Paços de Ferreira não conseguiu superar as expetativas. Foi eliminado na 3ª pré-eliminatória da Champions League, frente ao Zenit, com derrota em casa por 4-1 (o jogo foi disputado no Estádio do Dragão), e fora por 4-2. Assim sendo, o clube jogou a Liga Europa, onde não obteve qualquer vitória, num grupo que contava com Fiorentina, Dnipro e Pandurii (3 empates e 3 derrotas).
O plantel conheceu três treinadores. Costinha acabou por ser despedido, assim como Henrique Calisto, e foi Jorge Costa quem terminou a época na 15ª posição. Fruto do alargamento da época seguinte para 18 equipas, o FC Paços de Ferreira disputou uma liguilha para lutar pela presença na Primeira Liga na temporada seguinte, conseguindo vencer o Desportivo das Aves, e garantindo assim a manutenção.
O sonho da Champions League ia acabando em tragédia, e faz-nos questionar o que será preciso para um clube pequeno conseguir ter estabilidade quando alcança grandes feitos. É preciso tomar as decisões mais acertadas, e não se deixar levar pelos grandes feitos alcançados pois, no futebol e na vida, o tempo não pára. Contudo, ninguém se esquece da épica época do FC Paços de Ferreira na época 2012/2013.